21 de Junho de 1969: Fiat roubou Ferrari à Ford
No dia 21 de Julho de 1969 a Fiat comprou 50% do capital da Ferrari depois de um longo processo de dúvidas quanto ao futuro da marca de Maranello. Nos anos 60 a situação económica ditada pela crise petrolífera agudizou as dificuldades de muitos construtores e a Ferrari não foi uma excepção. Foram anos difíceis para Enzo Ferrari que não estava habituado a que a imprensa italiana, que sempre lhe foi fiel, publicasse notícias como a que saiu no "Il Giorno" sob o título "Gli anni neri dell’invencibile" (os anos negros do invencível), um estudo tão crítico como cáustico sobre o que a marca copiava dos seus concorrentes quer nos automóveis de série quer na competição.
Contudo, os contactos avançaram. Feitos de avanços e muitos recuos por parte do comendador, que parecia andar a entreter os americanos com os mais variados problemas, tanto mais que ele admitia a venda mas queria permanecer à frente da Scuderia e continuar a gerir a competição, o que a Ford não aceitou.
Vingança. A rotura acabou por se verificar e seria esta decisão que levou Henry Ford a apostar na humilhação de Enzo Ferrari onde lhe seria mais penoso: a competição. Por isso, a Ford lançou o projecto GT40 para o Mundial de Resistência onde coleccionou triunfos face aos Ferrari, para além de ter lançado o motor V8 Cosworth que veio a marcar uma época no mundo da Fórmula 1.
Fiat Dino. Mas, se perdeu nas pistas, Enzo Ferrari ganhou um parceiro de peso: a Fiat. O primeiro sinal do entendimento com Giovanni Agnelli surgiu em 1965 quando a Fiat aceitou ajudar a Ferrari na homologação do motor que a Scuderia queria utilizar na Fórmula 2. Para essa homologação era necessário produzir 500 unidades do motor V6 e a Ferrari não tinha dinheiro. Por isso, a Fiat comprou esse motor para equipar um modelo muito especial – o Fiat Dino.
É certo que nem o super coupé da Fiat foi um sucesso comercial nem a Ferrari se afirmou como vencedora na Fórmula 2, mas a mensagem tinha passado e em Itália todos compreenderam que era necessário evitar que a marca de Modena caísse em mãos estrangeiras. Por isso, em 1969 a Fiat e a Ferrari anunciaram a participação paritária na marca de Modena, uma operação que o jornal "il Giorno" titulou na sua edição com destaque: "Ferrari realizou finalmente a obra-prima da sua vida". O namoro com a Ford servira para garantir o casamento com a Fiat, uma situação que perdurou até 2015.
A fusão da Fiat com o Grupo Chrysler deu origem ao Grupo Fiat Chysler Automobiles (FCA) em 2014 e desde essa altura foi decidido autonomizar a Ferrari do conglomerado que passou a integrar a Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati e Ram. Em Outubro de 2015 a Ferrari passou a estar cotada na Bolsa de Nova Iorque e em Janeiro de 2016 na Bolsa de Milão, mas a maioria do capital pertence ao Grupo Exor da família Agnelli e 10% pertence a Piero Lardi Ferrari, o filho de Enzo Ferrari.